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A adaga
A
Adaga – boletim semanal de Estratégia & Análise, No. 08, 01 de fevereiro de
2008
Vila Setembrina – Grande Porto Alegre – Rio Grande –
Cone Sul – Latinoamérica
Boa leitura, aguardamos as críticas e
sugestões.
Bruno Lima
Rocha, politólogo com ofício de
jornalista
Os caloteiros do agro no país do
absurdo
A história se repete todo ano. Os
latifundiários contraem dívidas porque a atividade do setor primário
é subsidiada mundo afora. O ponto zero conceitual é que não existe
agricultura sem financiamento público. Portanto, trata-se de
política de Estado e opção de governo. R$ 130 bilhões venceriam em
31 de dezembro de 2007 e o montante foi prorrogado para 31 de março
do corrente ano. Eis que entra em cena a bancada dos auto
representados, auto apelidados de “ruralistas”.
O desejo é simples: os caloteiros, mesmo não pagando, seriam
considerados adimplentes. O ministro do agronegócio pronunciou a
pérola da vez ao afirmar que o tema é “técnico”. E de quebra,
entrega a decisão política para a obra e graça do submundo dos
corredores do Congresso e das tabelas da equipe econômica. A técnica
dita pelo arenista Stephanes é conceitualmente retratada por
Raymundo Faoro em seu clássico. Mais do mesmo em gavetas de papel novo
envelhecido com caca de grilo.
R$ 130 bi equivalem a mais de 3 CPMFs
juntas. A bancada do agronegócio pagou e quer nota. Parte da “base
aliada” é composta por latifundiários, associados ou grileiros
campeões nacionais do desmatamento. Chegou o momento dos coronéis
lulistas cobrarem a fatura.
O absurdo do financiamento no país dos
agro-caloteiros
O Espelho é o órgão da
Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil. Em sua
edição de novembro de 2007 (No. 248) apresenta matéria sobre o
Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf). Nas páginas 8, 9
e 10, Neusa e Luiz Carlos Silveira relatam sua história após ter
contraído o empréstimo de R$ 10.000,00. O investimento foi em uma
cozinha profissional e a maquinaria para produzir sachês de doce de
leite. O local de trabalho é um sítio no município de Joanópolis, na
localidade da encosta da Cachoeira dos Pretos, região de Bragança
Paulista. O recurso, adquirido em 2003, veio junto do
aperfeiçoamento no ofício e a posterior geração de 4 postos de
trabalho diretos. A relativa prosperidade também implicou no valor
da identidade, garantindo a permanência dos 3 filhos da família
Silveira na roça.
A produção semanal é de 10 mil sachês e
450 potes de doces, ofertando uma variedade de 22 produtos
distintos. O crescimento implicou na compra de leite na própria
região, e pagando valores acima do “mercado”, circulando divisas no
entorno. Os R$ 10.000,00 também renderam o incentivo ao
associativismo. Neusa Silveira participa da Associação Amigos da
Cachoeira e da Cooperativa dos Produtores Rurais Entre Serras e
Águas. Neusa é uma em milhões. Quando se debate a respeito
da agricultura camponesa, chamada de familiar pelos técnicos, os
números totalizados impressionam. Já ouvi coordenador do Movimento
dos Pequenos Agricultores (MPA) afirmando que a agricultura de
modalidade camponesa produz 85% do alimento consumido no país; sendo
que a matéria referida afirma a quantia de 70% da comida servida na
mesa do brasileiro produzida por camponeses. O total dos brasileiros
envolvidos nesta agricultura seria de 25 milhões. 1/8 dos
compatriotas está no dia a dia suando na roça contra quase todos.
Voltando à primeira Nota desta edição de
A Adaga, os R$ 130 bi em vias de calote por parte do agro-“negócio”
dariam para fomentar a 13.000.000 milhões de projetos semelhantes ao
de Neusa e Luiz Carlos. Retorno garantido porque a inadimplência é
quase nula, reforçado o tecido social recomposto através do fomento
e extensionismo, seria mais que plausível uma seqüência de
financiamentos por cinco anos consecutivos. Com a mesma verba do
calote já emprestado, atingiria uma média de 26.000.000 de unidades
produtivas, podendo gerar mais de 10 milhões de postos de trabalho
diretos. Ao invés desse colosso, o Brasil capenga no êxodo rural, na
matriz graneleira exportadora e na fome e violência no campo. Até
quando?!
No hay dos demonios – Bolivia
01
La media luna boliviana camina y marcha
rumbo al posible ajuste de cuentas con su propia historia. Si, es
cierto, la oligarquía cruceña hace hincapié en el sello
étnico-político de Cambas para confrontar antecedentes del Jacha Uma
Suyu. Pero, eso de terratenientes pro Brasil Imperio, plantando soja
y queriendo autonomía de comercio, reivindicaren orígenes guaraníes
es una broma de muy mala onda.
Tampoco hay que dejarse cuentear con eso
de dos demonios. La oposición social en Bolivia quiere la pluralidad
jurídica, y para eso más bien que no confían en el ejército de
Barrientos y Banzer. Ya los oligarcas, una vez que los milicos no
están enamorados de otro narco-golpe, evocan el discurso
anti-indígena, la falange de los ’30 y la UJC post-Goni. Lo
que está sobre el tablero es
eso.
Ojalá llegue un día cuando los
politólogos, analistas, editorialistas y reporteros de turno tengan
la honestidad intelectual de aportar interpretaciones a partir de
los hechos factuales. Si no hacen por honestos, que lo hagan por
avivados. Esto porque, además, mitología por mitología, la de los
collas es mucho más fuerte e interesante.
Pluralismo jurídico y otra forma de poder
– Bolivia 02
La pluralidad jurídica no es algo
nebuloso pero si lo es el posible quiebre en la continuidad del
Estado como heredero de la Invasión y Conquista. El mallku implica la
juridicidad de una sociedad federal, con fuertes raíces en los
pueblos originarios, y reorganizada en las ciudades. Curiosa
preocupación. Los agentes económicos globalizados, incluso los
oligarcas cruceños con el apodo de “cambas”, siempre pasan por
arriba del marco jurídico en nombre de la agilidad transaccional. Es
más que eso. Aplican a premisa que la libertad económica es superior
a la libertad política.
La fórmula de chamullo de los oligarcas
ya fue aplicada en Chile. Si la gente no se organiza en Bolivia,
preparando-se, la historia puede repetirse. O sea, la construcción
de otra base societaria tiene que venir acompañada del
debilitamiento de la base de la sociedad actual.
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