Editor: Bruno Zornitta - contato@fazendomedia.com
25.05.2006
MOVIMENTOS SOCIAIS MARCHAM EM SOLIDARIEDADE A
CUBA E VENEZUELA
Prejuízo da ilha com bloqueio
estadunidense
passa de US$ 82 bilhões
Em frente
ao Consulado estadunidense, brasileiros condenam as agressões dos
EUA contra a América Latina
Por Bruno Zornitta e Raquel Junia. Fotos de Bruno
Zornitta
contato@fazendomedia.com
Tirem as mãos de Venezuela e Cuba: essas foram as palavras de
ordem que levaram cerca de 100 manifestantes à porta do Consulado
dos Estados Unidos, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira, dia
19. O ato de solidariedade aos dois países começou na Cinelândia,
centro do Rio, por volta das 16h. Meia hora depois, os
manifestantes marcharam até a porta do Consulado, onde houve
intervenções políticas, apresentação de hip hop e
panfletagem. Os manifestantes acenderam velas em homenagem a Simon
Bolívar e Che Guevara, heróis da integração latino-americana, e
fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas do imperialismo
estadunidense.
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O ato foi organizado por cerca de 20 movimentos sociais,
dentre entidades estudantis, sindicais, partidos de
esquerda, a Associação Cultural José Martí, a Rede de
Solidariedade a Cuba, o MST, os Círculos Bolivarianos Leonel
Brizola e o coletivo de hip hop LUTARMADA (foto). A
data foi escolhida por ser véspera do dia em que os Estados
Unidos anunciam medidas contra Cuba, o 20 de maio. Nesta
data, em 1895, foi extinto o exército libertador e morto seu
líder, José Martí. A data também marca a promulgação da
Emenda Platt, em 1901, que garantiu aos EUA o direito de
intervenção em Cuba. |
Em 20 de maio de 2004, o presidente dos EUA, George Bush, falou
abertamente sobre a necessidade de impor uma "mudança de regime"
aos cubanos. Duas semanas antes, Bush aprovara o relatório da
chamada "Comissão de Ajuda para uma Cuba Livre", que contém
medidas de recrudescimento do bloqueio. Segundo a jornalista Paula
Gomes, uma das organizadoras do ato "Tirem as mãos de Venezuela e
Cuba", essa comissão já teria traçado inclusive um plano de
governo para Cuba, que inclui a privatização dos sistemas de saúde
e educação, referências mundiais em qualidade. Até agora, o 20 de
maio de 2006 parece não ter trazido nenhuma novidade, apenas a
continuidade dessa política, informou uma fonte da agência Prensa
Latina.
Com a palavra, os movimentos
"Brasil-Cuba-Venezuela
construindo a pátria grande", dizia uma faixa assinada pelo
Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado
do Rio de Janeiro (Sintrasef). "Bases estadunidenses fora da
América Latina", dizia a faixa dos Círculos Bolivarianos Leonel
Brizola. Cartazes anunciavam a Convenção Nacional de Solidariedade
a Cuba, a ser realizada de 14 a 17 de junho, em Recife. Os
manifestantes carregavam bandeirolas de papel, com um detalhe que
simbolizava a união entre Venezuela e Cuba: as estrelas da
bandeira venezuelana se encontravam com a estrela da bandeira
cubana, formando um único desenho.
A marcha
ganha as ruas do centro do Rio
Os representantes das entidades presentes manifestaram
indignação com a política externa dos EUA, em falas amplificadas
pelo carro de som. "Os EUA não são a favor de qualquer reação
popular, não são a favor de países que entusiasmam suas populações
e que defendem os preceitos mínimos de justiça e democracia. Eles
se sentem ameaçados, querem os povos de cabeça baixa,
semi-escravos, porque povos amedrontados permitem a dominação",
afirmou Zuleide Melo, presidente da Associação Cultural José
Martí. Não faltaram críticas ao bloqueio econômico imposto a Cuba,
às bases militares estadunidenses na América Latina e à prisão que
os EUA mantêm em Guantânamo, contra a qual o Conselho de Direitos
Humanos da ONU manifestou-se recentemente. Os movimentos também
expressaram sua solidariedade aos cinco cubanos processados e
detidos de forma arbitrária pela Corte de Miami e à proposta da
Alba, Alternativa Bolivariana para as Américas.
Bloqueio criminoso
O prejuízo econômico causado a
Cuba pelo bloqueio econômico e financeiro imposto pelos EUA
ultrapassa US$ 82 bilhões. Sem contar outros US$ 54 bilhões
ocasionados por sabotagens e ações terroristas organizadas e
financiadas pelos estadunidenses, o valor dos produtos deixados de
produzir e as onerosas condições de crédito impostas à ilha, de
acordo com o informe sobre o bloqueio, de 2005, disponível na
página Cuba vs Bloqueo (www.cubavsbloqueo.cu). A política
dos EUA contra o vizinho considerado rebelde foi implantada
formalmente em 1962, mas já era aplicada desde 1959, logo após o
triunfo da Revolução Cubana.
De acordo com um princípio do direito internacional definido na
Conferência Naval de Londres, em 1999, o bloqueio só é permitido
em situação de guerra e entre países beligerantes. Não é o caso de
Cuba e Estados Unidos e, portanto, a prática estadunidense fere o
direito internacional. Em 2005, a Assembléia Geral da ONU condenou
a política estadunidense. Uma resolução que exige dos EUA o fim da
prática de forma imediata foi aprovada por 182 dos 191 países
representados. Apenas quatro países votaram contra a resolução
(Estados Unidos, Israel, Palau e as Ilhas Marshall) e um se
absteve (Gâmbia).
Raquel Junia/fazendomedia.com
Luiza e
Israel também participaram da manifestação