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----- Original Message -----
From: MST
Sent: Thursday, June 21, 2007 3:54 PM
Subject: [Letraviva - MST Informa] MST Informa - n° 135 - 21/06/2007

Ano V - nº 135
quinta-feira, 21 de junho de 2007.
LETRAVIVA - BALANÇO DO V CONGRESSO NACIONAL DO MST

Estimados amigos e amigas do MST,

Foram dois anos de estudos e debates para que chegássemos ao nosso V Congresso Nacional. Durante cinco dias, estudamos a situação da agricultura, a conjuntura política e os desafios do povo brasileiro para construir uma nação socialmente justa e soberana. Foram também momentos de fortalecer nossa mística, de relembrarmos os companheiros e as companheiras que não puderam estar conosco, levados pela truculência do latifúndio e do agronegócio, e, de confraternizarmos e celebrarmos nossas vitórias.

Além de definir nossas linhas políticas e tarefas para os próximos anos, o V Congresso Nacional também aprovou nosso Programa Agrário, um conjunto de medidas que consideramos necessárias para transformar a estrutura fundiária e garantir uma agricultura que permita a segurança e a soberania alimentar. Referendamos também a Carta-Proposta entregue ao Presidente Lula no dia 17 de abril e aprovamos a Carta do V Congresso (abaixo), que reúne nossa tática e nossas prioridades de luta. Desde a elaboração do Programa, nas lutas e enfrentamentos que travamos no último período, compreendemos que é impossível lutar por Reforma Agrária, sem combater o modelo econômico que se impõe sobre a sociedade.

Da forma como o campo está estruturado hoje, não há mais lugar para o camponês. O campo se transformou em um território de produção de matéria prima para a exportação, produção essa, fundamentada no monocultivo em grande escala, no uso intensivo de máquinas e agrotóxicos – que expulsam mão-de-obra e agridem o meio ambiente – e, bancada pelo capital financeiro internacional. O agronegócio, como ficou conhecido esse modelo, é hoje o grande entrave à Reforma Agrária defendida por nós do MST e pelos movimentos sociais da Via Campesina.

Para lutar contra esse modelo, é preciso unir forças. Nesse sentido, reafirmamos que não é possível construir um futuro digno nas cidades sem uma Reforma Agrária que produza alimentos sadios e de qualidade para a população urbana, interrompa e reverta o êxodo rural e fortaleça o mercado interno. Não apenas insistimos na aliança entre trabalhadores rurais e urbanos para a realização da Reforma Agrária, como sabemos que sem esta unidade não será possível construir um Projeto Popular para o Brasil.

No tema do nosso V Congresso, "Reforma Agrária: por Justiça Social e Soberania Popular", esta explícito o sonho e a luta daqueles que acreditam que só poderá haver justiça social se houver uma ampla Reforma Agrária, que possibilite a democratização do acesso à terra e a eliminação da pobreza do campo. Além disso, para que um povo possa se reconhecer soberano, ele deve exercer o controle sobre sua produção, de alimentos e de energia, para que esses possam cumprir suas funções sociais, em benefício do próprio povo - e, não para gerar lucros a poucos acionistas dos grandes bancos e empresas transnacionais.

Reafirmamos também a necessidade de investir em educação e em comunicação como instrumentos na luta contra-hegemônica, e, de ampliar a defesa de um desenvolvimento sustentável, capaz de assegurar a sobrevivência do meio ambiente e daqueles que nele habitam. Acreditamos que o povo brasileiro possa decidir os rumos de seu destino. Opinar, debater e decidir sobre as questões que afetam sua vida e das futuras gerações. Nesse sentido, o V Congresso foi importante para a luta dos trabalhadores brasileiros, não apenas pelo tamanho – foram quase 18 mil delegados de 24 estados brasileiros – mas também pela força do debate, que certamente, nos impulsiona.

Sabemos que o caminho é árduo. Mas não nos faltam motivações e exemplos vivos. Como Elizabeth Teixeira, líder das Ligas Camponesas, que esteve conosco durante o Congresso pra trazer sua experiência e mística. Ou Seu Luiz Beltrame, aos 100 anos de idade, exemplo de participação e primeiro nas fileiras de duas marchas nacionais. E muitos, muitos, amigos que estiveram conosco e deixaram palavras e gestos de solidariedade e comprometimento. Como o poeta Thiago de Mello, que nos ensinou em seus versos:

“A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.”

Boa luta para todos nós,

Direção Nacional do MST

 
CARTA DO 5º CONGRESSO NACIONAL DO MST
Nós, 17.500 trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra de 24 estados do Brasil, 181 convidados internacionais representando 21 organizações camponesas de 31 países e amigos e amigas de diversos movimentos e entidades, estivemos reunidos em Brasília entre os dias 11 e 15 de junho de 2007, no 5º Congresso Nacional do MST, para discutirmos e analisarmos os problemas de nossa sociedade e buscarmos apontar alternativas.

Nos comprometemos a seguir ajudando na organização do povo, para que lute por seus direitos e contra a desigualdade e as injustiças sociais. Por isso, assumimos os seguintes compromissos:

1. Articular com todos os setores sociais e suas formas de organização para construir um projeto popular que enfrente o neoliberalismo, o imperialismo e as causas estruturais dos problemas que afetam o povo brasileiro.

2. Defender os nossos direitos contra qualquer política que tente retirar direitos já conquistados.

3. Lutar contra as privatizações do patrimônio público, a transposição do Rio São Francisco e pela reestatização das empresas públicas que foram privatizadas.

4. Lutar para que todos os latifúndios sejam desapropriados e prioritariamente as propriedades do capital estrangeiro e dos bancos.

5. Lutar contra as derrubadas e queimadas de florestas nativas para expansão do latifúndio. Exigir dos governos ações contundentes para coibir essas práticas criminosas ao meio ambiente. Combater o uso dos agrotóxicos e a monocultura em larga escala da soja, cana-de-açúcar, eucalipto, etc.

6. Combater as empresas transnacionais que querem controlar as sementes, a produção e o comércio agrícola brasileiro, como a Monsanto, Syngenta, Cargill, Bunge, ADM, Nestlé, Basf, Bayer, Aracruz, Stora Enso, entre outras. Impedir que continuem explorando nossa natureza, nossa força de trabalho e nosso país.

7. Exigir o fim imediato do trabalho escravo, a super-exploração do trabalho e a punição dos seus responsáveis. Todos os latifúndios que utilizam qualquer forma de trabalho escravo devem ser expropriados, sem nenhuma indenização, como prevê o Projeto da Lei já aprovado no Senado.

8. Lutar contra toda forma de violência no campo, bem como a criminalização dos Movimentos Sociais. Exigir punição dos assassinos – mandantes e executores – dos lutadores e lutadoras pela Reforma Agrária, que permanecem impunes e com processos parados no Poder Judiciário.

9. Lutar por um limite máximo do tamanho da propriedade da terra. Pela demarcação de todas as terras indígenas e dos remanescentes quilombolas. A terra é um bem da natureza e deve estar condicionada aos interesses do povo.

10. Lutar para que a produção dos agrocombustíveis esteja sob o controle dos camponeses e trabalhadores rurais, como parte da policultura, com preservação do meio ambiente e buscando a soberania energética de cada região.

11. Defender as sementes nativas e crioulas. Lutar contra as sementes transgênicas. Difundir as práticas de agroecologia e técnicas agrícolas em equilíbrio com o meio ambiente. Os assentamentos e comunidades rurais devem produzir prioritariamente alimentos sem agrotóxicos para o mercado interno.

12. Defender todas as nascentes, fontes e reservatórios de água doce. A água é um bem da Natureza e pertence à humanidade. Não pode ser propriedade privada de nenhuma empresa.

13. Preservar as matas e promover o plantio de árvores nativas e frutíferas em todas as áreas dos assentamentos e comunidades rurais, contribuindo para preservação ambiental e na luta contra o aquecimento global.

14. Lutar para que a classe trabalhadora tenha acesso ao ensino fundamental, escola de nível médio e a universidade pública, gratuita e de qualidade.

15. Desenvolver diferentes formas de campanhas e programas para eliminar o analfabetismo no meio rural e na cidade, com uma orientação pedagógica transformadora.

16. Lutar para que cada assentamento ou comunidade do interior tenha seus próprios meios de comunicação popular, como por exemplo, rádios comunitárias e livres. Lutar pela democratização de todos os meios de comunicação da sociedade contribuindo para a formação da consciência política e a valorização da cultura do povo.

17. Fortalecer a articulação dos movimentos sociais do campo na Via Campesina Brasil, em todos os Estados e regiões. Construir, com todos os Movimentos Sociais a Assembléia Popular nos municípios, regiões e estados.

18. Contribuir na construção de todos os mecanismos possíveis de integração popular Latino-Americana, através da ALBA - Alternativa Bolivariana dos Povos das Américas. Exercer a solidariedade internacional com os Povos que sofrem as agressões do império, especialmente agora, com o povo de CUBA, HAITI, IRAQUE e PALESTINA.

Conclamamos o povo brasileiro para que se organize e lute por uma sociedade justa e igualitária, que somente será possível com a mobilização de todo o povo. As grandes transformações são sempre obra do povo organizado. E, nós do MST, nos comprometemos a jamais esmorecer e lutar sempre.

Reforma Agrária: por Justiça Social e Soberania Popular!

Brasília, 15 de junho de 2007

 
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