Caros amigos e amigas
do MST,
Publicamos esta edição especial do LETRAVIVA para nos comunicarmos
com os companheiros e as companheiras que atuam nas mais diferentes formas
de organização de nosso povo. Queremos lhes falar da conjuntura da Reforma
Agrária no Brasil e também sobre a realização do 5° Congresso Nacional do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O Brasil está vivendo um momento complexo de sua história. Tivemos
um modelo econômico de industrialização dependente que organizou a nossa
economia durante 50 anos – e que, pelo menos, fazia a economia crescer.
Esse modelo entrou em crise. A economia está praticamente paralisada há 20
anos. As elites brasileiras, cada vez mais subordinadas aos interesses do
capital estrangeiro e dos bancos, estão implementando um novo modelo,
baseado nesse capital financeiro e internacional. O chamado
neoliberalismo. Mas esse modelo só agravou os problemas do
povo.
Não cabe mais Reforma Agrária numa economia que tem seu centro
apenas nas exportações, nos bancos e nos grandes grupos econômicos. Cerca
de 200 empresas controlam a maior parte da economia e 78% de todas as
exportações. Por isso, vocês devem ouvir muito a imprensa empresarial
falar que não tem mais sentido a Reforma Agrária.
Reforma Agrária não é apenas pegar um grande latifúndio, dividi-lo
em lotes e largar lá os pobres do campo para que se virem. A Reforma
Agrária ficou mais complexa porque o capital estrangeiro, as
transnacionais, os grandes grupos econômicos tomaram conta da nossa
agricultura, para exportar matérias-primas, para produzir celulose e
energia, para seu modo de consumo. No entanto, mais do que nunca é
necessária uma Reforma Agrária. Uma reestruturação não só da concentrada
propriedade da terra no Brasil, mas do jeito de produzir.
5° Congresso
O MST está debatendo com suas bases e seus aliados um programa novo
de Reforma Agrária. Uma Reforma Agrária que deve começar com a
democratização da propriedade de terra, mas que organize a produção de
forma diferente. Priorizando a produção de alimentos, para o mercado
interno, combinada com um modelo econômico que distribua renda.
Queremos uma Reforma Agrária que fixe as pessoas no meio rural,
combatendo o êxodo do campo, e que, garanta condições de vida para o povo.
Com educação em todos os níveis, moradia digna e emprego para a
juventude.
Esses temas serão discutidos no 5° Congresso, entre os dias 11 e 15
de junho, em Brasília. Seria muito bom se todos vocês pudessem ir conosco
ao Congresso. Como seria impossível reunir tanta gente -, nós estamos
enviando este LETRAVIVA para compartilhar o que será discutido lá, entre
os cerca de 17,5 mil participantes, trabalhadores rurais Sem Terra,
delegados e observadores internacionais, que estão sendo aguardados para
este que será o maior Congresso da história do MST.
A Reforma Agrária não é um problema dos Sem Terra, ou do MST, ou da
Via Campesina. É uma necessidade para toda sociedade brasileira e, em
especial para o povo, os 80% da população que vive de seu próprio trabalho
e que precisa de um novo modelo de organização da economia, com renda e
emprego para todos.
Certamente, continuaremos na luta, juntos, na construção de uma
sociedade mais justa, fraterna e igualitária, como é o sonho de todo
brasileiro honesto e trabalhador.
Reforma Agrária: Por Justiça Social e Soberania Popular!
Direção Nacional do MST |